sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Underground - A história do 3D nos games


Traduzido pelo novo colaborador do blog, Nicholas Amorim.

Com o PlayStation 3 capaz de rodar jogos em 3D e a Nintendo com seu 3DS, é fácil se deixar levar pela "última grande novidade" no mundo dos games, e esquecer que nós tínhamos jogos em 3D já na década de 80.

Sim, bem antes do PS3 e do 3DS, várias empresas fizeram esforços pioneiros no campo dos jogos 3D. Mesmo que quase todas estas tentativas tenham se provado falhas, as lições aprendidas com a desistência dessas empresas e as tecnologias que eles empregaram tiveram papel essencial em cimentar o caminho em direção a um futuro que - quer gostemos ou não - parece destinado a envolver tecnologia 3D, pelo menos num futuro próximo.

Em 1982, uma companhia chamada Smith Engineering desenvolveu um estranho console de videogame chamado Vectrex. Diferente de outras máquinas, que eram plugadas em um monitor ou TV, o Vectrex era uma solução tudo-em-um, consistindo em um console que tinha sua própria tela embutida.

Ainda que fosse uma peça incrível de tecnologia, o Vectrex não teve muita sorte, e foi lançado um pouco antes da grande quebra do mercado de video games em 1983, portanto nunca alcançou sucesso comercial (ainda que seja venerado por colecionadores até hoje).

Vectrex 3D Imager
Porém, em seu leito de morte, nasceu o Vectrex 3D Imager, que foi o primeiro dispositivo 3D do mundo dos games. Ele usava um disco giratório, com uma metade preta e outra com faixas coloridas, que quando colocado em um par de óculos, que por sua vez, estava no seu rosto, dava a ilusão que os gráficos mostrados no console eram tridimensionais.

Ao todo, somente três jogos foram lançados para o 3D Imager: 3D Crazy Coaster, um simulador de montanha-russa; 3D MineStorm, um clone de Asteroids e 3D Narrow Escape, um shooter inspirado em Zoom 909.

Quatro anos depois, a Sega lançou o SegaScope 3D, um sistema de óculos 3D para o seu console da época, o Master System.

Se a tecnologia 3D do Vectrex era pioneira, o SegaScope era visionário, empregando as mesmas técnicas básicas que se vê sendo utilizadas nos filmes em 3D de hoje. Ele funcionava utilizando um par de óculos "persianas" (shutter glasses), que "abriam e fechavam" rapidamente uma lente por vez em sincronia com a imagem tremulante da TV do usuário (efeito flicker).

Para a época, o efeito era impressionante. Contudo, devido a complexidade envolvida em fazer um jogo compatível com o sistema SegaScope, jogos tinham que ser codificados especificamente para fazerem uso das vantagens dos efeitos 3D. Como resultado, somente 8 jogos foram lançados para o SegaScope, ainda que muitos fossem clássicos, incluindo versões 3D de hits da Sega como OutRun e Space Harrier. A maioria desses jogos eram também codificados para serem jogados em 2D.

O SegaScope também nunca se tornou um sucesso comercial, culpa do preço de $50, a falta de jogos e o fato de que ele não era compatível com o Master System II (III no Brasil). A tecnologia avançada empregada nele, mostrou que jogos 3D em um console caseiro não era somente possíveis, mas também eram, em vários aspectos, uma melhoria em relação aos jogos comuns em 2D.

Enquanto tudo isso acontecia, os fãs da Nintendo não foram completamente abandonados.

A Square (antes do sucesso com Final Fantasy) lançou três jogos para o NES que, graças a programação dedicada, podiam fazer uso do 3D anáglifo, o tipo mais simples e comum de 3D, que utiliza os famosos óculos com lentes vermelhas e azuis.
Vídeo com o 3D desativado. Com o 3D ativado, o jogo ficava assim

Os jogadores japoneses foram ainda mais "sortudos", e tiveram acesso ao Famicom 3D System, que funcionava praticamente da mesma maneira que os óculos da Sega. O acessório foi largamente ignorado no Japão e nunca foi lançado em outro lugar do mundo.
Famicom 3D System
Então, no começo dos anos 90, a Sega retornaria ao mundo dos jogos 3D com seus arcades "hológraficos" (que reproduzia a ilusão 3D com espelhos), para o qual foram lançado somente dois jogos. O de luta Holosseum e o desastre em FMV, Time Traveler. Ambos eram terríveis, o que provavelmente deve ser o motivo pelo qual você nunca ouviu falar destes arcades antes.


Em 1994, claro, a Nintendo iria lançar o famigerado Virtual Boy, um "portátil" 3D que era tão portável quanto agradável nos olhos dos jogadores. Foi um fracasso retumbante. Sua falta de jogos, péssimo desempenho nas vendas e uma tecnologia que não era realmente inovadora mostraram que seu único uso foi alertar a Nintendo sobre o que não fazer quando estava desenvolvendo o 3DS (mais detalhes sobre o Virtual Boy e seus jogos nesse post do blog e nesse episódio do AVGN).

Então a próxima vez que a Sony ou a nintendo tentarem te vender que jogos 3D são o próximo grande lance do futuro, lembre-se que ele também já foi o próximo grande lance do passado.

Fonte: Kotaku USA (inglês)

4 comentários:

  1. Muitas das coisas que achamos serem revolucionárias hoje, já foram lançadas há muito tempo, só que não vingou.
    Interessante a matéria, nem sabia que tentaram fazer jogos em 3D antes.

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  2. Ótima matéria...muito aprofundada. Parabéns!

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  3. Cara acompanho seu Blogger desde que eu o encontrei pela internet. Ou melhor pelo Google. Eu tenho uma cópia do Demake de Resident Evil aqui graças a você. Que deu a idéia, que tal se postasse links para jogos criados por fãs ?

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